Hoje o meu coração divide-se entre uma grande alegria e uma decepção não muito grande, mas que estraga a alegria. A alegria vem do fim de semana, vivido na fraternidade e na partilha da fé. A decepção, vem das atitudes de algumas pessoas que se dizem cristãs e que "anunciam" Jesus. Às vezes, a decepção, vem de mim própria também. É que anunciar Jesus, é muito mais que uma mera "piedosa obrigação cristã" como método para atingir a salvação. Anunciar (e viver) em Jesus, não pode ser um fardo, um "TPC" para fazer quando chegamos a casa, no final de um dia de trabalho. Se é assim que encaramos isto de evangelizar, ainda não entendemos a verdadeira dimensão de ser cristão.
Anunciar Jesus tem de ser bom. Tem de nos fazer bem. Tem de ser entusiasmante e radical e bonito. Tem de nos causar borboletas na barriga.
Jesus tem de ser o amigo de sempre. De todas as horas e não apenas das horas mais tristes e difíceis. Tem de ser Aquele a quem pedimos opinião quando temos em mãos uma decisão importante. Aquele que vai connosco para o bar, para a noite e para o shopping. Jesus tem de ser para nós natural como respirar ou como a chuva. E tem de nos incomodar como a chuva, se for necessário. Se Jesus nos incomodar é bom sinal! É porque deixámos que Ele se metesse na nossa vida. Jesus é uma opção de vida e optar por Ele é difícil e já todos sabemos disto. Mas mesmo sabendo disto, fingimos que essa opção pode até nem ser radical. Moldamos o Deus de Jesus Cristo à nossa imagem e aí vamos nós com as nossas "excepções à regra" criadas pelo nosso egoísmo. "Detesto que fales de mim, MAS se eu falar de ti, talvez nem seja tão mau assim porque afinal, até mereces". " Detesto que me apontem falhas, MAS se eu apontar falhas a outros, estou a ser directo e frontal." E quando enchemos a boca para dizer que "correu mal" mas não mexemos um dedo para ajudar ou para fazer melhor? E as nossas ironias? E as nossas hipocrisias? E as nossas antipatias de estimação? E os nossos risinhos cínicos quando alguém faz ou diz alguma coisa que não vá de encontro aos nossos padrões?
Se este texto é uma indirecta? Não. É uma directa.
É que esta decepção que me pesa aqui no coração, dói-me. A sério. E esta foi a forma mais delicada que encontrei de exorcizar esta coisa má que me ficou cá dentro e que mata as borboletas que sinto na barriga, quando anuncio Jesus.