quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Natal?

Dois mil e quinze anos depois de dares vista aos cegos e de fazeres ouvir os surdos, continuamos cegos e surdos para os irmãos. Dois mil e quinze anos depois, o mundo inteiro continua a vestir-se de luz e de festa mas o coração dos homens ainda vive às escuras. Dois mil e quinze anos depois, pergunto-me se faz sentido todo este alarido cheio de tradições ocas quando as pessoas ainda não são capazes do perdão. Olhamos e enternecemo-nos com o presépio, enchemos a casa de luzinhas mas esquecemo-nos de preparar o coração. Compramos prendas para as crianças mas esquecemo-nos de lhes dizer que o maior presente da vida é o Teu amor.
Dois mil e quinze anos depois, o mundo continua a precisar que Tu nasças de verdade uma e outra vez e não apenas no dia 25 de Dezembro de cada ano. Uma e outra vez todos os dias, a cada dia da história do mundo, a cada segundo da minha história.

Dois mil e quinze anos depois da encarnação do Amor, o mundo ainda não entendeu nada de nada do que é o amor.   

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A melhor escolha

Hoje, apeteceu-me escrever acerca desta escolha de ser teu discípulo. Sim...ser discípulo teu é uma escolha...dei por mim a perguntar-me quando foi que fiz essa escolha...não me lembro. Sei que hoje, é tarde demais para voltar atrás. É que Tu, apesar de nunca exigires nada, prendes de tal forma que, quando nos deixamos envolver, nunca mais é possível deixar-Te sem que essa tentativa cause na vida um vazio que nada nem ninguém pode preencher. Foram tantas as vezes que já quis desligar-me de ti (como se fosse possível a uma criança no seio materno, viver desligada do cordão umbilical que a mantém  viva)... Sim tentei...Tu bem sabes....Sempre que encontro desculpas para não dar tudo de mim é uma tentativa de me desligar...Tu bem sabes...é porque às vezes é demasiado duro. Tu entendes o que falo. É preciso morrer muitas vezes...todos os dias...e renascer outras tantas... É difícil não fazer comparações com a vida de outros que têm mais tempo para outras coisas que parecem tão aliciantes!...Mas depois, sempre que tentei colocar-te nos últimos lugares das minhas prioridades, lá veio novamente o vazio...o gigante vazio que é a vida sem Ti, ainda que cheia de outras coisas...milhares de outras coisas...Tudo é vazio sem Ti. Tudo é ilusão. Tudo é sombra. Quem não te quer conhecer ou quem finge que não te conhece, não entende...não sabe...Dizem que são felizes assim...com as suas "coisas". Que basta o mundo. Que as coisas que dizes são bonitas mas que hoje o importante é ter um futuro, ter uma casa, ter uma carreira, ter poder, ter a admiração dos outros. Não sabem o que dizem. É que eu já experimentei a Tua paz. E não há na vida tesouro maior. Não há. Uma paz que é feita de desassossego e que mexe com as entranhas. O teu reino é mesmo virado do avesso...foi fundado com um rei sem trono que promete uma paz sem sossego....e mesmo assim deixa-nos presos para sempre. Porque Tu és o único que nos leva ao fundo de nós mesmos. Porque Tu és capaz de nos despir das dores e dos fardos que, por vontade própria, colocamos sobre os ombros. Porque Tu, abres-nos à esperança e das-nos essa certeza libertadora de que nada é em vão. E de que, por mais duro que seja o caminho, por maiores que sejam os meus pecados, o Teu coração é infinitamente maior. Sei que nem te sempre te escolho. Mas sei que Tu és sempre a melhor escolha. 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Das coisas (realmente) importantes

Alguém de quem gosto, está sofrer. Abro o facebook e vejo "indirectas", rancores, odiozinhos de estimação. E alguém de quem gosto está a sofrer. E depois, vejo "os cinco passos para se tornar alguém de sucesso". E alguém de quem gosto está a sofrer. E vejo "os 10 erros que devem ser evitados na maquilhagem". E alguém de quem gosto, continua a sofrer. Então percebo como, perante as coisas importantes da vida, tudo o resto se torna ridículo e absurdo. E percebo que a vida grande e inteira, a vida a sério, está longe (muito longe) da mesquinhez em que queremos transformá-la....às vezes, porque somos demasiado fracos para levá-la a sério...outras vezes, porque andamos enganados a respeito daquilo que é realmente importante. Quando alguém de quem gostamos está a sofrer, tudo o resto fica pequeno porque o amor é sempre maior.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Da decepção, do medo e da coragem

Um dos maiores medos da minha vida é o medo de perceber que as pessoas de quem gosto, afinal, não gostam assim tanto de mim. É um medo infantil, bem sei. Não podemos gostar todos de toda a gente...é a vida...Mas apesar de eu estar longe de ser exemplo de bondade e de virtude, nunca lidei muito bem com a maldade humana. Aquela maldade de gente que faz de tudo para magoar, só pelo simples prazer de ver o outro em baixo (e de se ver em cima). Aquela maldade gratuita e às vezes disfarçada de boas intenções. Lido mal com isso. Faz-me mal. Fico atrapalhada e nunca sei o que dizer nem como agir. Se a intenção dessas pessoas é porem-me para baixo, tenho a dizer que conseguem e que sim senhor podem continuar até me arrasarem por completo. Não sou forte. Ou melhor...quando sinto carinho pelas pessoas e depois vem de lá algo mau (ou então quando não vem de lá coisa nenhuma quando seria suposto vir) fico mal. Isso acaba comigo. É por isso que, às vezes (tantas vezes ao longo da minha vida!) preferi ficar no meu canto a ter de enfrentar determinadas situações que me mostram quem realmente está (ou não) comigo. Mas agora, talvez tenha chegado a hora de acabar com esse medo maldito que acaba comigo aos poucos. Talvez tenha chegado a hora de parar de ser como o servo medroso que enterrou o talento por causa do medo. Agora, é a hora da coragem. Sei bem que não será fácil...mas o Pai, que vê o coração, sabe que é por Ele. Ele sabe disso. Ele sabe tudo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Oração

Pai
Que tudo o que me move seja amor.
Que os meus gestos e as minha palavras sejam de amor
Amor de verdade. Aquele amor que ensinaste aos homens.
Que a escuridão do medo não me impeça de levar ao mundo esse amor.
Que o brilho do mundo não ofusque os meus olhos e me impeça de ver o essencial.
E o essencial e sempre o amor.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Um pouco mais de coração, por favor.

Ter coragem e ser humano, é assumir riscos, ainda que, com medo. Talvez seja fácil falar quando a dor não me bate directamente à porta mas parece-me altamente desumano não ajudar porque há riscos...Afinal amar, não implica arriscar? Dirão os mais prudentes que isto é uma perspectiva demasiado romântica da questão e que quando as coisas azedarem aí é que vai ser e que quando começar a correr mal, os que hoje se manifestam a favor da ajuda e do acolhimento vão engolir cada palavra e que e que e que...mas de que tem servido, afinal, a prudência e o realismo dos homens entendidos e seguros? De que nos valem estas "seguranças" de uma Europa fechada no seu mundinho dourado cheio de "valores" e "regras" e solidariedade que afinal, é uma palavra sonante e que fica bem, mas depois não passa disso...de uma palavra sonante e que fica bem? De que tem servido pensar tantas vezes antes de decidir SER mais em vez de TER mais?...SER mais humano, SER mais fraterno, SER mais solidário em vez de TER mais segurança, TER mais estabilidade, TER mais tranquilidade...De que tem servido? É que eu olho para o mundo e vejo sofrimento, injustiça, desigualdade, fome, miséria, dor...muita dor de gente que perdeu tudo e que tem exactamente o mesmo direito à vida que tenho eu e que tens tu. Não será preciso afinal, um pouco mais de coração? Não será preciso deixar de calcular riscos e ir buscar novamente as raízes cristãs que alguns (que nunca se lembraram de tal coisa na sua vida) decidem agora defender para justificar a não ajuda a PESSOAS que sofrem horrores? Será que não foi este egoísmo que lançou a humanidade para este precipício? Onde nos vai levar o olhar constante para o nosso umbigozinho, para os nossos medinhos, para as nossas certezinhas estúpidas e estéreis? Neste momento há, nas nossas fronteiras "solidárias e acolhedoras" milhares de crianças com fome que fogem à guerra. Há milhares...mas e se houvesse apenas uma? Seria suposto colocar em causa ajudar? Se houvesse apenas uma... Mas há milhares. Milhares. Em que parte da história o homem perdeu o coração? 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Pai que é Pai, chora.

Dói-me Senhor... A Ti, também te deve doer...quem ama sofre e sei bem que Tu amas esta humanidade ferida. Sei bem que deves chorar quando vês os teus filhos desesperados. Dizem que és "Todo Poderoso" mas eu não acredito que esse poder te dê o poder de não chorar perante tanto sofrimento. Pai que é Pai, chora... E certamente que Tu choras, impotente perante o "não" que não podes proferir por seres o Deus da liberdade e do amor.
Desculpa o atrevimento mas hoje, só hoje, Tu que podes tudo, podias mudar os teus critérios e dizer um não...impedir todas as loucuras que acabam com o Teu sonho criador e que destroem os planos tão bonitos que deves ter no Teu coração...Hoje, só hoje Pai, podias travar a maldade...eu sei que Tu podes...ou se calhar não. Se calhar, talvez não possas porque esse amor, que não cabe na minha compreensão, não te permite a justiça que eu desejaria e que me tolda de raiva o coração...é por isso que hoje não compreendo porquê e isso dói-me...ajudas-me a aceitar?  

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

...

Quando vi a foto do menino sírio morto por causa das atrocidades que o estado islâmico anda a fazer, pela primeira vez na vida, acreditei no Inferno.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pai:
às vezes, é preciso repensar tudo. Parar, olhar com olhos de ver e fazer diferente. Recomeçar. 
Sei que é isso que preciso: recomeçar.
Ajudas-me?

terça-feira, 19 de maio de 2015

Das possibilidades

Ontem poderia ter sido diferente,
outra atitude,
outro caminho.
Poderiam ter sido outras escolhas,
outras decisões.

Não foi.

Mas amanhã pode ser.

Está nas minhas mãos. E isso é o mais libertador.

E o mais assustador também.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Raiz

Qual é? 
Onde está?

domingo, 19 de abril de 2015

A dor das coisas pequenas

A minha dor só a Tu a conheces. Muitos a vêem, mas só Tu a olhas a sério. Com olhos de ver, com olhos de quem ama. A minha dor, não é a dor da guerra, nem da fome nem da doença, nem da perda. É só a minha dor. Uma dor que aos olhos dos que estão sempre prontos a julgar (que afinal somos todos) é pequena e nem deve ser considerada. A minha dor é a dor de todos os dias. A dor de ver sofrer quem eu amo, a dor de ver a miséria e a injustiça no mundo, a dor do medo, a dor da indecisão e da incerteza do futuro...a dor das coisas pequenas. Mas eu sei que Tu não me julgas. Tu entendes que para mim, que não conheço outra, estas dores magoam. Tu entendes isso muito bem e não me chamas picuinha nem fraca nem me apontas o dedo. É por isso que ao pé de Ti, sou capaz de chorar e sou capaz de me despir de todas as máscaras e armaduras que o mundo me obriga a usar. E não há nada mais libertador do que deixar assim, a nu, a dor das minhas feridas, para que as cures, como fazia a minha mãe quando eu caía no jardim e raspava o joelho no cimento e para mim, aquela era a pior ferida do mundo. 
Às vezes, quando te falo da minha dor, ainda sinto vergonha e caio na tentação de achar que não vale a pena por ser tão pequena comparada com outras...mas depois penso que um amor como o Teu, é capaz de me amar como se não houvesse mais ninguém no mundo inteiro porque é um amor que morreu por mim...e um amor assim, percebe a minha dor e chora por ela mesmo que aos olhos do mundo pareça insignificante. E esta certeza é o único remédio capaz de aliviar a dor e de transformá-la em vida nova.  

terça-feira, 14 de abril de 2015

Oração da manhã

Obrigada Pai por mais um dia de vida e de graça.
Que seja um dia cheio de Ti no meu coração,
Que seja um dia iluminado pela luz da Páscoa
Que é a luz que vem da vida vencedora da morte
da coragem vencedora do medo
da generosidade vencedora do egoísmo
do amor vencedor do pecado.
Que no fim deste dia, eu possa sentir que valeu a pena.
Ámen.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Repetir até à exaustão até acreditar.

Avança. Não tenhas medo. Coragem. Ousa. Não deixes que o medo te prenda. Começa por algum lado. Avança. Arrisca. Tenta. Começa hoje. A vida é curta. A vida passa. Só tens uma vida. Não tenhas medo. Deus está contigo. Deus quer-Te feliz. Avança. Arrisca. Sem medo. Começa por algum lado. Tenta. Deus está contigo. Não tenhas medo.

terça-feira, 3 de março de 2015

SER

O que eu quero mesmo...

É SER livre
É SER alegre
É SER confiante no Teu amor
É SER corajosa
É SER capaz de vencer o mal
É SER melhor
É SER (mais) feliz.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Nem todas as perguntas têm resposta. E ainda bem.

Crescemos a tentar encontrar explicações para tudo o que acontece. Crescemos a aprender que tudo tem de bater certo, que tudo tem de fazer sentido, que tudo tem de ter provas concretas, palpáveis e mensuráveis e que tudo deve ser controlado, monitorizado e avaliado. Até que um dia, percebemos que a vida não tem lógica. A vida é, desde o início, um perfeito e maravilhoso "acidente de percurso". E esta realidade, por vezes cruel, relembra-nos a nossa fragilidade (que é coisa na qual nos custa sempre muito pensar). E faz-nos perceber que esta mania de querermos controlar tudo, de querermos andar sempre em cima do acontecimento, stressados, angustiados, doidos que nem baratas, é uma perfeita perda de tempo (que aliás é bem escasso). Demasiadas vezes, não conseguimos encontrar explicações e isto, deveria deixar-nos tranquilos. Não é Deus que é "injusto" como tantas vezes oiço dizer. Nós é que queremos ser donos e senhores de tudo e sabedores de todas as coisas. Queremos ter uma resposta certa como se a vida fosse uma prova de múltipla escolha. Não é. 
O único que tem todas as respostas é Deus. Aceitar esta verdade, é o começo da paz do coração.  

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

No avesso da vida

No avesso da vida, és Tu a resposta. Quando tudo parece ao contrário, confuso, triste, sem sentido, és Tu a resposta. Afinal, o teu reino é um reino virado do avesso onde o rei não tem trono nem coroa e onde os primeiros são, aos olhos dos reinos de outros reis, os últimos. Onde para ganhar a vida é preciso perdê-la, onde a cruz é sinal de liberdade e não de condenação e onde os que choram são felizes. O avesso da vida, é sempre um lugar estranho e assustador, cheio de "porquês"cuja resposta é um silêncio que nos deixa sem resposta. O avesso da vida vira do avesso as nossas certezas, a nossa certeza de sermos donos do nosso nariz (e da nossa vida) e faz-nos perceber que afinal não somos donos de coisa nenhuma e que as coisas importantes, nunca são coisas. Nesse lugar virado ao contrário, não há ninguém, além de Ti, que posso fazer tudo parecer (e fazer) ter sentido. É por isso que essa Tua Palavra que desconcerta e baralha é, ao mesmo tempo, a única capaz de nos abrir à esperança...porque apesar de ser uma Palavra que não faz sentido é a única capaz de nos dar um sentido. É uma Palavra que foge à lógica do mundo e que nos ensina a olhar para o que não se vê e a escutar o que não se ouve e que por isso é alicerce  firme que nenhum  poder deste mundo, por maior que seja, pode destruir. 
No avesso da vida, nas "periferias" do que é suposto, encontramos-Te sempre, sempre à espera. Como Pai vigilante e atento que nunca se cansa de esperar e de acolher o nosso pecado, a nossa dor e a nossa vida tantas vezes ao contrário do que sonhaste para nós. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Hoje, é isto que Te trago.

Entrei. Fazia frio. Mais frio do que na rua. Consegui sentir o cheiro a humidade e a flores. Estava escuro. Não consegui sentir paz nem alegria por entrar ali (não é suposto sentir paz e alegria junto de Ti?). Ajoelhei-me alguns segundos e tentei falar-Te. Impacientei-me na minha tentativa. Sentei-me. Ouviam-se vozes ruidosas de alguém lá fora. Não me consegui sentir em paz. Tentei rezar outra vez mas aquele frio, aquela escuridão aquele ruído de fora apoderaram-se dos meus sentidos. Pensei que se calhar, estou a desaprender de rezar (isso aprende-se?). Depois pensei na dor de uma família que perdeu há poucos dias o único filho de maneira trágica. Pensei na dor de outra família que tem o filho mais novo com uma doença degenerativa e que progressivamente está a adoecer cada vez mais. E na outra família que vive o pesadelo de uma doença oncológica. Pensei no medo que o mundo vive por causa de uns quantos fanáticos que espalham o terror e a morte e que querem impor o seu "deus" a qualquer custo. Pensei na minha própria vida que está tão longe daquilo que Tu e eu sonhamos. Senti-me pequenina. Insignificante. Estúpida. Infeliz. Pedi que aceitasses isto tudo e desculpa, só me apeteceu correr dali para fora e levar-Te no coração que apesar de tantas vezes estar sujo e desarrumado, sempre deve ser mais quente que aquela Igreja. Há dias em que é difícil rezar com palavras bonitas. Hoje, aceita isto que te trago. Não é bonito, nem luminoso. É só escuro e confuso. Mas é o que tenho. É o que sou. Fico na esperança que possas torná-lo em alguma coisa muito bela. Tu podes sempre fazer coisas assim. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Da serenidade

A serenidade vem com o tempo. O meu coração sempre foi uma montanha russa que me levava até ao céu e que no minuto seguinte, se despenhava a mil à hora até ao fundo do fundo. Acho que há coisas que não mudam e eu, a menos de um mês de completar trinta anos (trinta meu Deus!) continuo a sentir-me, muitas vezes, como se tivesse quinze e pudesse mudar tudo só com a minha vontade. Mas agora, a minha vontade serenou e eu já me previno com uns compridos contra o enjoo, não vá a montanha russa atirar-me lá para baixo outra vez. 
As dúvidas e as crises continuam. Mas serenaram. Falam baixinho agora. E se começam a querer levantar a voz, sou eu quem as cala porque chegamos a um momento da vida em que nos cansamos do barulho do próprio coração. Então, a aventura passa a ser desafiante, não pela quantidade de abismos que temos de saltar mas pela quantidade de vezes que conseguimos desviar a rota e trilhar caminhos planos sem grandes sobressaltos.
A serenidade vem com o tempo e o tempo começa a ter um sentido novo quando começamos a conseguir atravessá-lo gritando menos e escutando mais.  É o silêncio que nos serena o coração. O silêncio e a escuta do essencial.