segunda-feira, 23 de maio de 2016

A última comunhão.

O dia é de festa. As mamãs e os papás, uns meses antes, vão comprar às meninas e aos meninos as melhores roupinhas. Marca-se vez no cabeleireiro e contrata-se um fotógrafo para registar o dia. Preparam-se os almoços mais deliciosos e os bolos mais bonitos. Convida-se a família e os amigos porque o menino ou a menina vai ler ou cantar e então é preciso ver o momento. Antes da hora da missa vai-se para a Igreja para preparar a procissão com as crianças todas alinhadinhas. As pessoas sorriem e comentam "oh que queridos" "oh que lindos" "oh que vestido tão bonito". Tiram-se muitas fotos e espera-se que a missa passe depressa que o mais importante é o almoço e "esperemos que o padre seja rápido na homilia que há mais que fazer". Os meninos e as meninas "tomam a hóstia" e mais umas quantas fotografias. Que festa tão bonita! Afinal o momento merece. Para a maioria é a despedida da catequese, da Eucaristia e de tudo o que à Igreja diz respeito. Afinal, já se vestiu o vestidinho e o fatinho e já há fotografias para comprovar. Agora, se calhar, lá para o Crisma os meninos e as meninas regressam à catequesa, um ou dois meses antes porque para ser madrinha ou padrinho é preciso ter um papel que o comprove. Depois, um dia, se calhar, também se volta para "casar pela Igreja" porque afinal é muito mais pomposo e "chique". É que a Igreja é uma seca, uma hipocrisia e "os que andam lá são piores que os outros". Mas pronto...para fazer as festinhas até dá jeito. Por isso, o dia é de festa! Afinal é a última comunhão. Ou a primeira de uma dúzia.