terça-feira, 9 de setembro de 2014

Que eu veja!

Tenho-me sentido inquieta com a minha maneira de viver. Acho que ando a viver de um jeito que Tu não sonhaste para mim. Portanto, só pode ser de forma errada.  
Sei que tenho de me libertar de algumas coisas que andam a impedir-me de ser feliz. Mas tenho medo (sempre o medo a dar cabo da vida das pessoas)... 
Hoje Pai, quero pedir-te, se me permites, que a tua luz (aquela luz que ilumina tudo cá dentro e que torna tudo tão nítido e simples) acabe com este medo escuro de dar os passos necessários. 
Peço-te Senhor, como te tenho pedido todos os dias, como te pediu o cego Bartimeu: "Que eu veja!". Que tudo aquilo que polui o meu olhar seja dissipado pela luz do teu amor. 


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Nos braços de Jesus

Não sou mãe e por isso não consigo imaginar a dor de perder um filho. Deve ser muito maior do que qualquer outra. A maior de todas. 
Ontem, quando fiquei a saber que a menina que lutava há uns meses contra o cancro, a Leonor, tinha partido, fiquei com o coração apertado e uma revolta apoderou-se de mim. 
Depois, o primeiro pensamento que me ocorreu, é que de facto, não somos donos nem senhores de coisa nenhuma e não pertencemos, definitivamente, a este mundo. Somos talhados para outra coisa. Algo que deve ser maior e mais belo do que tudo o que conhecemos ou imaginamos. A mãe da Leonor, escreveu que agora, ela "regressou aos braços de Jesus". Achei esta imagem tão bonita que não consegui evitar as lágrimas. Este "regresso" significa que foi de lá que viemos. Foi lá que fomos pensados e sonhados e que um dia, regressaremos. Apesar de não conhecer esta família, acredito que foi a fé que os manteve de pé nesta luta pela vida. 
Nestes últimos tempos, em que o mundo anda em sobressalto com tantas guerras, fundamentalismos assassinos, doenças mortais, e mais um sem número de tragédias que desgraçam a vida a milhões de pessoas, olho incrédula para a gigantesca contradição que existe na  humanidade a ponto de, enquanto tantos lutam pela vida, outros fazem questão de destruí-la. 
Quem ama, sofre quando vê a desgraça daqueles que ama. Por isso, eu acredito que Deus, que é Pai, deve sofrer com isto. O coração Dele deve estar apertado com tanta escuridão. E a sensação de impotência perante tudo isto é tão grande que só queria não pensar, não saber, não me importar. 
Fico horrorizada quando vejo notícias de idosos abandonados ou agredidos ou de famílias que vivem na miséria...mas quando o assunto são crianças mal tratadas, o horror aumenta e acho que a esse é o maior dos crimes.
A Leonor é o caso de uma menina que, pelo que sei, lutou sempre com um sorriso pela vida e que teve a imensa sorte de, apesar da doença cruel, ser amada. Mas por esse mundo fora, há, milhares de crianças que partem sem sequer saber o que é ter uma família que as ame e que já não sabem sorrir. Meninos e meninas a quem foi arrancado tudo. E esta ideia faz-me ter vergonha de pertencer à humanidade. 
Consola-me acreditar que o abraço de Jesus é grande e que nele, cabem todos aqueles que partiram cedo demais. Que a Leonor e todas as crianças que estão nos braços de Jesus, intercedam por este mundo que está realmente a precisar de anjos que o guardem de todo o mal que anda à solta no coração de tantos homens.