Estou descrente. Não em Deus, mas nas pessoas. Em mim também, claro, que eu não sou muito diferente do resto. Descrente porque somos estúpidos. Porque somos mesquinhos e invejosos. Porque somos egoístas, comodistas e medrosos. Porque apesar de sermos a menina dos olhos de Deus, continuamos a não entender nada de nada de amor. Estou cansada da humanidade em geral. Cansada da minha humanidade também, por não conseguir passar por cima dos meus medos, dos meus preconceitos das minhas pequenices parvas que não me deixam ser inteira, feliz e completa como o Pai quer.
Estou a poucos dias do meu casamento e devia estar feliz. E estou. Mas também estou assim...desconsolada. Os momentos importantes revelam sempre muitas coisas dos outros e de nós. Coisas boas e coisas menos boas. Mas eu não consigo que as coisas boas se sobreponham às menos boas. Não consigo. Porque gosto de pessoas que não gostam de mim e isso deixa-me triste. É infantil, eu sei. Mas é a verdade. Toda a gente crescida sabe que é assim. Que há afinidades,que há preferências e eu também as tenho. E se calhar, haverá pessoas que ficam magoadas porque talvez gostem mais de mim do que eu delas...mas isto é cruel! Não devíamos gostar todos uns dos outros e acabava-se a injustiça? A sete dias do meu casamento, estou com a sensibilidade toda, todinha à flor da pele. Qualquer palavra, gesto ou sorriso duvidoso, deixa-me em prantos.
O que vale é que o Bruno é prático e quando me vê a lágrima no canto do olho por motivos parvos, começa a fazer-me cócegas e tudo fica melhor.