segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Hoje, é isto que Te trago.

Entrei. Fazia frio. Mais frio do que na rua. Consegui sentir o cheiro a humidade e a flores. Estava escuro. Não consegui sentir paz nem alegria por entrar ali (não é suposto sentir paz e alegria junto de Ti?). Ajoelhei-me alguns segundos e tentei falar-Te. Impacientei-me na minha tentativa. Sentei-me. Ouviam-se vozes ruidosas de alguém lá fora. Não me consegui sentir em paz. Tentei rezar outra vez mas aquele frio, aquela escuridão aquele ruído de fora apoderaram-se dos meus sentidos. Pensei que se calhar, estou a desaprender de rezar (isso aprende-se?). Depois pensei na dor de uma família que perdeu há poucos dias o único filho de maneira trágica. Pensei na dor de outra família que tem o filho mais novo com uma doença degenerativa e que progressivamente está a adoecer cada vez mais. E na outra família que vive o pesadelo de uma doença oncológica. Pensei no medo que o mundo vive por causa de uns quantos fanáticos que espalham o terror e a morte e que querem impor o seu "deus" a qualquer custo. Pensei na minha própria vida que está tão longe daquilo que Tu e eu sonhamos. Senti-me pequenina. Insignificante. Estúpida. Infeliz. Pedi que aceitasses isto tudo e desculpa, só me apeteceu correr dali para fora e levar-Te no coração que apesar de tantas vezes estar sujo e desarrumado, sempre deve ser mais quente que aquela Igreja. Há dias em que é difícil rezar com palavras bonitas. Hoje, aceita isto que te trago. Não é bonito, nem luminoso. É só escuro e confuso. Mas é o que tenho. É o que sou. Fico na esperança que possas torná-lo em alguma coisa muito bela. Tu podes sempre fazer coisas assim. 

Sem comentários:

Enviar um comentário