terça-feira, 8 de setembro de 2015

Um pouco mais de coração, por favor.

Ter coragem e ser humano, é assumir riscos, ainda que, com medo. Talvez seja fácil falar quando a dor não me bate directamente à porta mas parece-me altamente desumano não ajudar porque há riscos...Afinal amar, não implica arriscar? Dirão os mais prudentes que isto é uma perspectiva demasiado romântica da questão e que quando as coisas azedarem aí é que vai ser e que quando começar a correr mal, os que hoje se manifestam a favor da ajuda e do acolhimento vão engolir cada palavra e que e que e que...mas de que tem servido, afinal, a prudência e o realismo dos homens entendidos e seguros? De que nos valem estas "seguranças" de uma Europa fechada no seu mundinho dourado cheio de "valores" e "regras" e solidariedade que afinal, é uma palavra sonante e que fica bem, mas depois não passa disso...de uma palavra sonante e que fica bem? De que tem servido pensar tantas vezes antes de decidir SER mais em vez de TER mais?...SER mais humano, SER mais fraterno, SER mais solidário em vez de TER mais segurança, TER mais estabilidade, TER mais tranquilidade...De que tem servido? É que eu olho para o mundo e vejo sofrimento, injustiça, desigualdade, fome, miséria, dor...muita dor de gente que perdeu tudo e que tem exactamente o mesmo direito à vida que tenho eu e que tens tu. Não será preciso afinal, um pouco mais de coração? Não será preciso deixar de calcular riscos e ir buscar novamente as raízes cristãs que alguns (que nunca se lembraram de tal coisa na sua vida) decidem agora defender para justificar a não ajuda a PESSOAS que sofrem horrores? Será que não foi este egoísmo que lançou a humanidade para este precipício? Onde nos vai levar o olhar constante para o nosso umbigozinho, para os nossos medinhos, para as nossas certezinhas estúpidas e estéreis? Neste momento há, nas nossas fronteiras "solidárias e acolhedoras" milhares de crianças com fome que fogem à guerra. Há milhares...mas e se houvesse apenas uma? Seria suposto colocar em causa ajudar? Se houvesse apenas uma... Mas há milhares. Milhares. Em que parte da história o homem perdeu o coração? 

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